segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O CÉTICO E O LÚCIDO MALUQUINHO

No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao
outro:

- Você acredita na vida eterna e espiritual após essa vida?

- Certamente. Algo tem de haver após esta vida escura e limitada. Talvez
estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para 
o que seremos mais tarde.

- Bobagem, não há isto esta vida, apenas este lugar aconchegante, agora, e nossa
mãe e algumas coisas naturais interessantes, depois,
mas todos vão morrer um dia. Como verdadeiramente seria essa vida eterna e
espiritual?

- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui e do que o
que se parece com aqui.Talvez caminhemos sem precisar de pés e nem comeremos mais...

- Isso é meio absurdo! Caminhar sem pés é uma contradição. E não comer mais é
morrer.  É meio ridículo! Temos evidência que o cordão umbilical nos alimenta agora. 
Eu digo somente uma coisa: A vida eterna e espiritual está provavelmente excluída, 
o cordão umbilical, a mamãe, e a natureza lá fora são curtinhos, curtinhos...
- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que
estamos habituados a ter aqui.

- Mas ninguém nunca teve qualquer evidência disto, depois do nascimento, das
brincadeiras e da morte. O parto apenas encerra a vida intrauterina; a velhice, as brincadeiras; e a morte, a vida extrauterina.
E afinal de contas, a vida é nada mais do que o prazer de existir por uns tempos
e deixar-se ir, tranquilamente...

- Bem, eu não sei exatamente como será depois, mas com certeza
veremos a mamãe eterna e ela cuidará de nós.

- Mamãe eterna? Você acredita na mamãe eterna? E onde ela supostamente está?
Eu hein. Eu acredito só na minha mãe, e olha lá, ela nem é muito confiável,
algumas até abortam...

- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo
isso não existiria.

- Ok, mas eu truco! Se fosse só eu, mas ninguém nunca viu nenhuma mamãe eterna e
espiritual, por isso é provável  que não exista nenhuma. Ainda bem que existe a mãe mortal e
biológica.

- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou
sente, como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos
espera e agora apenas estamos nos preparando para ela…

- Cantando? É a nossa mãe biológica, maluco! A vida real não nos espera
porque já estamos na vida real! E ela é tudo que há.
Mas ela é o suficiente. Não seja tão ganancioso.

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