domingo, 16 de setembro de 2012

Seminário de Bioética - A Morte, seu benefício e seu infortúnio

As perdas globais ocasionadas pela morte 

(baseado em McMahan, Jeff. "Death", The Ethics of Killing. Oxford, OUP, 2002)

Leila Bitar

A tentação de culpar a morte isoladamente como fato pela morte do jovem pedestre.
Morte como perda de um futuro longo e feliz depende de dois infortúnios: um efetivo (acidente) e um hipotético (aneurisma / ameaça real).
Perda global “é a perda de todo o bem que ela (pessoa) teria em vista, mais do qual foi privada por uma variedade de fatores incluindo sua morte” (cita o caso: vitima de acidente).
Tendência na literatura sobre a morte, de confundir a perda causada pela morte, tomada isoladamente, como as perdas globais que uma pessoa sofre ao morrer.
Conclui: perda global é idêntica em qualquer das situações (acidente / terremoto, atropelamento / aneurisma).
Em uma concepção otimista (o futuro é sempre longo e feliz!), para Nagel , “existir indefinidamente seria a continuação de um bem, supondo que a vida seja, de fato, o bem que imaginamos que ela seja”. Ainda segundo Nagel, “a morte, não importando o seu grau de inevitabilidade, é um cancelamento abrupto de bens possíveis indefinidamente extensos”.
Ricardo Wollheim acrescenta a discussão das perdas globais ocasionada pela morte a circunstância concreta de que a pessoa “prefere morrer em vez de viver”. Desconsiderando a idéia de morte ba ou ruim, prevalecendo a concepção otimista de futuro longo e feliz, livre de qualquer infortúnio, “essa perda não é imputável à morte por si só, trata-se da perda global de uma pessoa”.
A morte necessita de um culpado! E não de quantificação! Maior ou menor perda global. Devemos simplesmente realocar a responsabilidade por tal perda!!
“não há conforto para mãe enlutada...”
Morte e qualidade de vida!!! Página 141 muito confuso!
A questão (temporal) de uma semana apenas que a vítima de acidente passou com deficiência cognitiva parece se tornar importante e retoma a questão crucial: existe evento efetivo e evento hipotético e não podemos avaliar ambas as perdas (em cada evento isoladamente) tomando uma como pano de fundo da outra (sobredeterminação)
McMahan escreve sobre isso à página 142: “Talvez precisemos saber quanto dano uma pessoa causou a fim de determinar quanta culpa ou castigo ela merece”. E logo abaixo confessa estarrecido (como fiquei ao ler a frase) “estou inseguro sobre o que se deveria dizer nesses casos”.
A decisão sobre que evento tomaremos para fim de avaliação depende do que sabemos do futuro longo e feliz de cada um. Cita a situação do condenado a morte chamada de morte certa, mais uma vez para dizer que não precisamos saber como atribuir a cada infortúnio, seja ele efetivo ou hipotético, sua devida cota da perda global.
Retoma à estratégia da herança (mensuração) e acrescenta a determinação de um limite (nova versão do problema do tempo ou do termo?) e a Nagel que considera a perda global das pessoas indefinidamente extensas. No entanto, conclui que as perdas globais de todas as pessoas não são iguais.
Discutindo passado, presente e futuro Nagel fala que, “se não houver um limite para a quantidade de vida que seria bom desfrutar, então pode ser que um final ruim esteja reservado para todos nós”. Isto se nos concentrarmos apenas nas perdas... Se, porém, nos concentrarmos nos possíveis males evitáveis pela morte, um final benéfico aguarda a todos nós.
McMahan acrescenta a concepção de limite de Nagel, a imposição de alguma restrição sobre o que pode ser considerado realista acerca do futuro de uma pessoa: Condição do Realismo. Problema do tempo (ou do termo?): sobredeterminação no caso do jovem pedestre e da paciente geriátrica – condição extremamente vaga!!!
Apresenta a fim de argumentação, uma situação em que os mecanismos de envelhecimento da progéria fossem idênticos aos do envelhecimento e, em ambos os casos, a doença em si é incurável. “Pode ser pior ter um bem em vista e depois perdê-lo, do que simplesmente não tê-lo em vista desde o inicio”. As perdas seriam realmente piores ou seriam mais difíceis de suportar??
Poetas e filósofos dizem que a virtude da morte é que ela “finalmente nos liberta da tirania, do sofrimento” (e da vida!).
Em ética, “normalmente tendemos a pensar que seria mais importante evitar o sofrimento do que aumentar o bem”, ou seja, a vida! “E isso confirma a suposição de que chegar ao fim das possibilidades da vida seja um infortúnio mesmo que isso não envolva nenhuma perda”
Página 146 (b) muito confuso!
Conclusão: a morte como infortúnio maior no caso do paciente com progéria do que no caso da paciente geriátrica. O paciente com progéria ganhou (previamente) tão pouco da vida e a paciente geriátrica teve uma vida plena.
Anos Potenciais de Vida Perdidos – APVP por Morte Prematura
O indicador Anos Potenciais de Vida Perdidos quantifica o número de anos de vida não vividos quando a morte ocorre em determinada idade abaixo da qual se considera a morte prematura.
Para cada morte ocorrida se contabiliza a quantidade de APVP subtraindo da idade limite (aqui fixada em 70 anos) a idade em que a morte ocorreu. Assim, uma pessoa que morreu com 30 anos, perdeu 40 Anos Potenciais de Vida.
O total de APVP pode ser calculado por causa, por sexo, por município ou outra variável de interesse.
Para aumentar a comparabilidade do indicador, além de expressar os APVP sob forma de números absolutos, pode-se calcular taxas por 1000 habitantes, APVP por óbito ou proporções em relação ao total.

Total de APVP
Somatório dos Anos Potenciais de Vida Perdidos
APVP por óbito
Total de APVP dividido pelo total de óbitos menores de 70 anos
APVP por 1000 habitantes
Total de APVP dividido pela população menor de 70 anos

Expectativa de vida ao nascer
Numa dada população, a expectativa de vida ao nascer ou esperança de vida à nascença é o número médio de anos que um grupo de indivíduos nascidos no mesmo ano pode esperar viver, se mantidas, desde o seu nascimento, as taxas de mortalidade observadas no ano de observação.
A expectativa de vida no nascimento é também um indicador de qualidade de vida de um país, região ou localidade. Pode também ser utilizada para aferir o retorno de investimentos feitos na melhoria das condições de vida e para compor vários índices, tais como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
É calculada considerando-se, além das taxa de mortalidade geral e infantil segundo a classe de renda, o acesso a serviços de saúde, saneamento, educação, cultura e lazer, bem como os índices de violência, criminalidade, poluição do local onde vive a população.
Segundo o IBGE, a expectativa média de vida no Brasil é de 73,4 anos.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Esperan%C3%A7a_de_vida

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