sexta-feira, 7 de setembro de 2018

PROVA 1 DE ÉTICA 2, 2018.

Prova 1 (Ética 2, Prof. Alcino) – entrega no dia 18/09, 8:00 h (mat) e 19 h (not)

Alunos:

·     A prova é um pouco diferente da usual. Preste atenção abaixo. O professor e a monitora não dirão nada sobre a prova; você, por si mesmo, sozinho ou em grupo, deve interpretar o que deve ser feito. As questões escolhidas são:

A)   Qual é o problema de haver vários princípios e teorias morais, em bioética? Quais as soluções para o problema?

B)   O que é decisão de princípio e decisão sob princípios? Aponte diferença (s) e semelhança (s).

C)   Como você entende as duas teorias em foco, a kantiana e a utilitarista, e como o texto sugere entendê-las conjuntamente? Você concorda? Justifique.


[1] Primeira Parte: ouvir, falar e debater.

1.     Você deve, sozinho, meditar nas perguntas e elaborar, mentalmente ou num esboço, as respostas. Você, que será chamado de Aluno A, deve formar uma dupla com outro aluno, aluno B. (Ambos fazem esta tarefa 1 isoladamente).

2.     GRAVAÇÃO: O aluno A grava, como arguidor, com ajuda do celular ou outro meio, a pergunta A, (lendo literalmente a questão), e depois da leitura, acrescenta um esclarecimento ou comentário para elucidar melhor a pergunta. Então, o Aluno B, que cumpriu a tarefa 1 acima sozinho, dá uma boa resposta, gravada em sequência.

3.     O Aluno A então levanta outra questão ou comentário crítico, no mesmo tema (questão A), como um tipo de Réplica da resposta de B. O Aluno B faz a tréplica, respondendo ou comentando a fala de A.



4.     O Aluno B, agora como arguidor, grava a pergunta B, lendo (literalmente) a questão, e depois da leitura, acrescenta um esclarecimento ou comentário para elucidar melhor a pergunta. Então, o Aluno A dá uma boa resposta, gravada na sequência.

5.     O Aluno B, então, no mesmo tema (questão B), levanta outra questão ou comentário crítico, como um tipo de Réplica da resposta de A. O Aluno A faz a tréplica, respondendo ou comentando a fala de B.



[2]Segunda parte: Alunos A e B, juntos, escrevam a resposta à questão C, usando uma lauda (uma página)



·     TRAGAM A GRAVAÇÃO (Arquivo e aparelho) E A LAUDA ESCRITA EM 18/09, PARA APRESENTAR NA AULA.




“Que nota darei?”

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

CURSO DE ÉTICA 2 (2018): QUESTÕES PARA ESTUDO E APROFUNDAMENTO: TÓPICOS 1 A 4

ÉTICA 2 - 2018

QUESTÕES PARA ESTUDO E APROFUNDAMENTO: TÓPICOS 1 A 


1. BIOÉTICA - 14/08

1.     O que é teoria formal, ética, moralidade, os três ramos da ética? 
2.     Quais são as três referências da palavra “dever”? Explique com um exemplo.
3.     Qual é problema de haver vários princípios e teorias morais, em bioética? Quais as soluções para o problema?
4.     Qual vantagem e dificuldade (s) da proposta chamada de metodológica?

2.METAÉTICA – 21/08

1.     Quais os problemas detectados nas teorias subjetivistas? Explique ao menos um.
2.     Explique o problema da “questão em aberto”, para o naturalismo ético.
3.     Por que o intuicionismo incorreria na aceitação de mundos morais impossíveis?
4.     Qual dificuldade você vê no realismo moral? Justifique

3.RACIONALIDADE – 28/08

1.     Identifique e resuma o debate sobre clonagem, no texto.
2.     Onde está a superveniência, e qual a sua função, no debate sobre a clonagem? (Compare o conteúdo com a parte “A lógica do raciocínio moral”, do texto 1)
3.     O que é decisão de princípio e decisão sob princípios? Aponte diferença (s) e semelhança (s). (Compare a parte “Os dois níveis do pensamento moral”, do texto 1).
4.     Como Singer responde ao desafio de Huemer, sobre a necessidade e importância da intuição e da verdade moral?

4. IMPARCIALIDADE – 04/09

1.    Como você entende as duas teorias em foco, a kantiana e a utilitarista, e como o texto sugere entendê-las conjuntamente? Você concorda? Justifique.
2.    Quais os componentes e o significado (mínimo) de: raciocínio utilitarista, universalização na ética e níveis do pensamento moral?
3.    Consulte o texto de Kant, A Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Seção 2 (parágrafos sobre o imperativo categórico, as duas primeiras fórmulas e os quatro exemplos em cada uma delas) e mostre como o texto é compreendido por cada uma das interpretações sugeridas no texto da aula.
4.    “O elemento mais importante do imperativo categórico está no significado de “poder querer (a universalização da máxima)”. Explique.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

RELIGIÕES E ÉTICA

"Mahavira, the Jain patriarch, surpassed the morality of the Bible with a single sentence: "Do not injure, abuse, oppress, enslave, insult, torment, torture, or kill any creature or living being." Imagine how different our world might be if the Bible contained this as its central precept." (― Sam Harris, Letter to a Christian Nation). Não sei se você já se fez. Já me fiz pergunta bem similar: quando ainda adolescente questionei a mim mesmo por que o Novo Testamento não condenou a escravidão, ao contrário, pregava aos escravos que fossem obedientes aos seus donos, assim como pregava às mulheres que fossem submissas aos maridos, além de pedir que nos submetamos ao Estado, como proveniente de Deus, na época, o Estado romano. Ao contrário de outros adolescentes ou jovens que  ao chegar a tais questionamento e não encontrar boas respostas, abandonam a religião, eu continuei, na época, a ser cristão, ainda que não mais do tipo ortodoxo, tentando sempre, desde aquele tempo, combinar a ética humanista com a espiritualidade mais tradicional (e recentemente adotando outra resposta).

Sobre Mahavira e o Jainismo, numa pesquisa superficial, não encontrei a oração "não escravize qualquer ser vivo" (o que o deixaria claramente à frente da Bíblia e do Alcorão), mas confirmei que para ele, Mahavira, a não violência (ahimsa), tanto a violência de tirar a vida de uma criatura, quanto a de causar danos físicos, era de fato o núcleo principal de todo seu ensinamento religioso e moral, a ponto de incluir explicitamente os outros animais no dever de não matar, algo que supera sem sombra dúvidas a moralidade das religiões tradicionais ocidentais. Algo similar se pode dizer das outras religiões orientais semelhantes, como o Budismo e o Hinduísmo. As regras e orientações principais de Mahavira (Ahimsa - não causar dano e sofrimento a qualquer ser (não violência); Satya - evitar a mentira; Asteya - não se apropriar do que não nos foi dado; Brahmacharya – evitar a má condita sexual e não abusar sexualmente dos outros; Não se intoxicar com álcool e drogas [Aparigraha - não acumular nem se apegar às coisas e valores materiais]) estão na ética da Yoga, que tem também, a yoga, outros cinco princípios (noutra postagem falo delas), e na ética do chamado caminho óctuplo, ou das oitos sendas, do Budismo. Todos incluem, em alguma medida significativa, os animais, e pregam ou ao menos valorizam explicitamente o vegetarianismo, como compromisso ético e religioso.

Porém, lembremo-nos já, o velho testamento da Bíblia cristã, algo compartilhado pela Torá do judaísmo, possui, entre os dez mandamentos da lei de Deus, que não se deve matar, nem roubar, nem levantar falso testemunhl, algo como evitar a mentira, a condenação da má conduta sexual (da infidelidade), o pedido para cuidar dos pobres. A regra de ouro é parte do Alcorão ("Ninguém é fiel a Alá até que queira aos outros o que quer para si) e os profetas judeus pregavam o respeito aos órfãos, às viúvas e aos estrangeiros, os mais vulneráveis na sociedade da época. No novo testamento cristão, que mantém os mandamentos, acrescenta a famosa regra de ouro mas em versão mais exigente: a positiva "faça aos outros como queres que eles façam a vocês"; também diz para se interpretar todas as diretivas relativas à conduta para com outros seres humanos como amor ao próximo como a si mesmo, ou, mais ainda, no amor aos outros como Cristo amou a humanidade, algo que nos levaria além da regra de ouro. Daí à inclusão dos animais, como em São Francisco, há um passo pequeno, ainda não incorporado pela maioria cristã.

Assim, não acho que Sam Harris esteja certo, não totalmente, ao menos; penso que o cristianismo não pode ser bem avaliado apenas considerando o que fizeram ou fazem "nações cristãs" pouco coerentes com a ética cristã, especialmente a que ele se refere, os USA atualmente. Houve muito no passado e ainda há coisas que desabonam o cristianismo, assim como contra o judaísmo e o islamismo, religiões monoteístas irmãs. Mas o que as pessoas fazem com boas ideias não é ainda um bom argumento contra as próprias ideias, e as tradições orientais citadas, vez ou outra, especialmente quando conectadas com algum poder político ou econômico constituído, também cometeram ou endossaram coisas muito ruins, como castas inferiores, sujeição das mulheres, discriminação contra os gays, e sim, por incrível que possa parecer, violência pura e simples. Um exemplo. Recentemente ficamos sabendo de como os monges lideres religiosos budistas, em Myamar, pregam e se insurgem contra a minoria islâmica rohingya, minoria que sofre vários tipos de discriminação e injustiça. Recentemente passou, em Myamar, a sofrer genocídio, e isso tudo com apoio dos principais líderes religiosos budistas. 

Mas nem o budismo nem o cristianismo merecem ser tidos como totalmente culpados por isso, ainda que não devem deixar de serem responsabilizados também, ao menos em parte, por exemplo, como citado no início por mim, nem a Torá, nem a Bíblia, nem o Alcorão condenaram explicitamente a escravatura (infelizmente, até a reforçaram), assim como seu texto ajudou a postergar avanços quanto a liberdade e igualdade humana. 

Nossa ética sempre avança com a reflexão crítica e a experiência social acerca de como podemos viver melhor, harmonizando nossos interesses com os interesses dos outros, e as religiões tradicionais foram e são um modo de ajudar a chegar a isso, especialmente com a regra de ouro, que todas possuem e aparentemente sem influência recíproca (a regra de "Não fazer aos outros o que não aceitamos que eles nos façam" também está em muitas outras tradições espirituais e morais e em filosofias não religiosas), mas as religiões, incluindo, é preciso dizer, o cristianismo, não são sempre um bom modo de ajudar a fazer do mundo um lugar melhor (por exemplo, quando misturam ou confundem a ética com tradição religiosa e cultural, ou quando seguem, sem ponderações morais mais amplas e independentes, os mandamentos religiosos como ordens que não devem se questionadas, já que algo não pode se certo porque alguém, mesmo Deus, ordena, mas antes, é uma ordem, especialmente de Deus, se existir, porque é certo fazer aquilo, e há razões para ser certo, razÕes que estão nos fatos e no raciocínio moral). As religiões também não são o único modo de nos ajudar a viver melhor, a ética não religiosa, focada apenas nas consequências de nossas ações para o bem comum, sem preocupação com recompensas ou punições após a morte, é um modo aparentemente até mais eficaz de educação para se viver eticamente., no clima cultural atual. 

Concluindo, as religiões, importantes em si, devem ser sempre vistas com alguma desconfiança. Parafraseando Jesus, as religiões existem para o ser humano (e para a ética), e não os seres humanos (e a ética), para as religiões.


quinta-feira, 16 de agosto de 2018

ATENÇÃO_ALUNOS_TEXTOS_DISCIPLINAS_2018_segundo semestre

BIOÉTICA - 

Ética 2 (Filosofia); Seminários Temáticos (Ciências da Saúde); Projetos de TCC; Monografia

TEXTOS EM: 
https://drive.google.com/open?id=1FqLFdS4vuV6doziP5qcpasfMNUbP_ino

Aulas de 14/08: BIOÉTICA
Bioética Baseada em Razões
Metaética, Argumento Moral e Bioética [ParteI: 125-131; 141-146]

Aulas de 21/08: METAÉTICA
Metaética, Argumento Moral e Bioética [Parte II: pp. 131-138] 
Realismo normativo não-naturalista e MMI
Realismo Moral, uma introdução.

Aulas de 28/08: RACIONALIDADE
Notas sobre como tomar decisões racionais em ética
Intuicionismo e Prescritivismo.

Aulas  de 04/09:  IMPARCIALIDADE
Prescritivismo Universal e Utilitarismo
Imperativo categórico e contradição prática

(PROVA 1: 11/09)

Aula de 18/09: MAIOR BEM 
ORD_The Moral Imperative of Cost-Effectiveness in Global Health

Aulas de  25/09:  SAÚDE PÚBLICA
Judicialização
Saúde Pública, Utilidade e Equidade

Aulas de 02/10: IDENTIDADE
Identidade e Pessoalidade.
Quando começa a vida?

[continua em breve...]


quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Aborto e ética: uma perspectiva liberal

A tese em favor do direito ao aborto diz que d
evemos aceitar, como sociedade, o direito legal ao aborto, ao menos no primeiro trimestre da gestação (o que se pode chamar de aborto precoce), como um direito reprodutivo da mulher que, tendo engravidado, não quer mais continuar com a gestação. Proibir e criminalizar o aborto voluntário precoce, quando a vida fetal está neste estágio inicial e a mulher quer interromper a gesatção, deve ser tido por nós como uma intromissão e restrição injustificáveis na sua privacidade e liberdade.

O principal problema da aceitação disto é que o aborto acarreta a morte do feto - que podemos chamar de ser humano em estágio fetal. Em geral tirar a vida de outro ser humano é um grave erro. Todavia, se pensarmos bem, no caso do aborto há este conflito entre manter a vida humana intrauterina e resguardar a privacidade da mulher sobre o próprio corpo e seu papel na reprodução: quem é a favor do direito ao aborto, e eu sou, pensa que faz sentido que neste caso prevaleça, ao menos na esfera dos direitos legais, o valor de respeitar a privacidade e liberdade de uma mulher, contra o valor da vida. 

Os fatos principais que justificam isso são:  (1) que o ser humano em estágio fetal está dentro do organismo da mulher e ela não quer levar adiante a gestação, neste ponto; (2) que este ser humano, no primeiro trimestre, ainda tem uma vida predominantemente, senão totalmente, vegetativa, não possuindo ainda nem capacidade para consciência nem vivência de experiências subjetivas. (Mais tarde na gestação, mais ou menos depois de 20 semanas de gestação, para a ciência atual, o feto adquirirá a capacidade para consciência e experiências subjetivas, desenvolvendo mais do que uma vida meramente biológica; passará a ser um sujeito de experiências ou um ser humano consciente, ainda que provavelmente não será ainda consciente de si).

Estes fatos são as razões que justificam dar peso maior à autonomia reprodutiva da mulher, em sua vontade de interromper ou não a gestação, e, inevitavelmente, um peso menor à vida intra-uterina do feto. Se o feto estivesse fora do organismo da mulher, seria menos relevante que estivesse em estado predominantemente ou totalmente vegetativo; se o feto fosse capaz de consciência e fosse sensciente, seria menos relevante que estivesse dentro da mulher. Mas, no caso do aborto precoce, os dois fatos vem juntos, e isso é relevante.

Pelo que parece, estes ingredientes juntos não estão presentes em outras situações em que pensamos que é errado que se tire a vida de outro ser humano. Qual é o caso semelhante que contenha os dois ingredientes? Uma pessoa em estado vegetativo num hospital? Mas ela possui a capacidade para a consciência e já foi sensciente, enquanto o feto nunca o foi e, neste período, não pode sê-lo; além disso está fora do organismo da mulher. 

Mas e se o paciente no hospital também nunca esteve em estado consciente ou não tem tal capacidade, poderemos tirar-lhe a vida? Supondo que não, novamente, ele não está dentro do organismo da mulher, há alternativas para resguardar a privacidade da pessoa que não queira a vida deste ser humano sem tirar-lhe a vida. Supondo porém que não seja errado encerrar a vida de um ser humano que sempre esteve em estado vegetativo, então não deveria ser visto como errado tirar a vida num aborto precoce, em que tal ser humano está dentro da mulher. 

Em que outra situação podemos pensar que não seria justificado dar maior peso à liberdade e privacidade sobre si mesmo, se isso tira a vida de um outro ser humano, exceto no caso real do aborto e em casos imaginários em que um outro organismo, não sensciente, se encontra conectado a outro deste modo íntimo? Em qual situação há um conflito em que, ou se resguarda a privacidade, ou se mantém a vida de um outro ser humano em estado vegetativo, e não há a alternativa de resguardar as duas coisas? 

O desafio filosófico e prático posto aqui é: se houver tal caso, eu, que defendo o direito ao aborto, devo mudar de idéia; se não houver, quem é contra é que deve mudar de posição, ao menos quanto ao direito legal da mulher, reconhecendo que possui uma posição de intromissão injustificável na vida da mulher, se se refere à lei. 

A melhor interpretação do que ocorre aqui é que, nesta relação biológica especial da gestação de um outro ser humano dentro de nós, abortar não equivale a matar no sentido em que matar é geralmente errado: é plausível aceitar que não devemos aplicar ao aborto precoce a regra contra tirar a vida de um ser humano, ou, alternativamente, que o aborto precoce deve ser contado entre as exceções justificadas à regra.

Sugestão: veja mais detalhes de vários argumentos sobre o aborto neste artigo do filósofo Pedro Galvão: http://pedrogalvao.weebly.com/…/6/6/5/5/6655805/pgaborto.pdf ou no livro editado por ele: A ética do aborto: perspectivas e argumentos. Lisboa, Dinalivro, 2005. cf. https://criticanarede.com/fp_01.html) 

Ética no enfrentamento da CoVID-19

Questões éticas difíceis passaram a nos atingir mais frontalmente com  a pandemia da COVID-19. O  NUBET – Núcleo de Bioética e Ética Pública...