Há três tomadas de consciência envolvidas na ideia
de se respeitar os outros animais.
* A consciência do que é um animal propriamente
dito, de suas capacidades e necessidades: em geral ele sente dor, prazer, tem expectativas,
emoções, vida familiar e social, alguma consciência do mundo ao seu redor. Em
geral é um ser vulnerável, sujeito a prejuízos ou benefícios.
* A consciência de que não temos necessidade, quase
sempre, de matar, aprisionar, mutilar outros animais, nem de causar dor e
desconforto a eles. Não morreremos ou adoeceremos se nossa sociedade deixar de
fazer essas coisas. Há normalmente inúmeras ações alternativas a estas.
* A consciência de que nós não devemos causar sofrimento
e dano desnecessários aos outros, especialmente, de que não devemos matar
desnecessariamente. Não aceitamos que os outros matem, aprisionem, mutilem ou
causem danos às pessoas de que gostamos, e nem a nós, principalmente quando não
se tem absoluta necessidade disto. Isso é cruel!
Mas nós, humanos, causamos dor e desconforto,
aprisionamos, mutilamos e matamos intencionalmente bilhões de animais: para nossa
alimentação, através da pecuária e da indústria alimentar; para nosso lazer, através
da indústria do entretenimento; para nossa ciência e para nosso aprendizado,
através da experimentação animal. Nessas indústrias e em nossa cultura, ainda
escravizamos e exploramos seres sensíveis e indefesos.
Não
precisamos, porém, matar outros animais para nos alimentar: nós podemos viver
bem, hoje em dia, com dietas vegetarianas. Não precisamos causar danos e,
novamente, matar intencionalmente, para fazer ciência ou para ensinar nossos alunos:
nós podemos tratar os animais como sujeitos
de pesquisa e como pacientes, do
mesmo modo que fazemos hoje com seres humanos (sem deixar de fazer pesquisa e
ensino com eles). Não precisamos mais pescar, usar peles, prender em zoos, sacrificar
animais em rituais.
Só há uma coisa a fazer: parar de causar-lhes danos.
Um animal é como uma criança indefesa ou um velho enfraquecido. Mesmo que haja
lucros e benefícios em desrespeitar os direitos deles, nós não devemos fazer
isso, o que devemos fazer é protegê-los. Não devemos mais abusar dos animais.
Devemos proteger e tratar bem os outros animais!
Seja um novo abolicionista: diga não à matança
generalizada, às gaiolas e jaulas, à mutilação, às ações que causam dor e
sofrimento aos outros animais, feitas por nós, ou para o nosso benefício. Reprove
especialmente, do jeito que puder, a pecuária e a indústria da alimentação
animal, que faz isso diariamente a bilhões de animais. Vamos apoiar e adotar
costumes coletivos alternativos, ações individuais alternativas, ideias
alternativas. Todos os animais são iguais e todos merecem respeito pelos seus
interesses: essa é o manifesto abolicionista.
NÚCLEO DE BIOÉTICA E
ÉTICA PÚBLICA DA UFU - 2012
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