quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Aula 4 - Curso de Bioética - Abordagem da Mente Incorporada

Aula 4 - Curso de Bioética - Abordagem da Mente Incorporada

Um breve resumo das aulas passadas.

Estamos estudando aspectos da identidade dos seres humanos. Esses aspectos tem relevância para casos fora do padrão comum, como uso de embriões em pesquisa, aborto de fetos precoces ou de fetos tardios, como tratar recém nascidos, pacientes em coma, pacientes com doenças degenerativas que deixaram diretivas antecipadas sobre seu tratamento.

Mas também tem importância para compreendermos melhor casos do padrão comum, seres humanos adultos normais, e entendermos melhor o desvalor da morte e o valor da vida. Para isso, além de identidade, estudaremos a morte, e estudaremos a ética do ato de tirar a vida ou mantê-la.

No estudo da identidade, vimos as concepções metafísica, biológica e psicológica. Uns 200 anos de ciência (metodologia baseada em evidências) e reflexão filosófica modernas (naturalismo filosófico), combinados com os resultados mais recentes das bases cerebrais da consciência (neurociência e neurofilosofia), sugerem  que, se nos restringimos a razões e argumentos melhor do que meras hipóteses, é melhor descartarmos a ideia de que somos essencialmente - ou que temos - almas ou espíritos não físicos. (Qual seria sua natureza? Quais razões para pensar que uma alma existe? Como se compatibiliza com a natureza dos outros animais semelhantes a nós e quando na história evolutiva (seguindo aqui o darwinismo) passou a existir? Por que as capacidades conscientes e psíquicas são afetadas pelo que acontece com o cérebro? O que acontece com a alma quando o embrião humano de divide formando gêmeos idênticos ou se funde, formando quimeras? E quando uma operação de comissurotomia produz dois centros de consciência em uma mesma pessoa?)

                          

Os argumentos do "transplante de cérebro" e do "caso  dos bicéfalos" demonstram que não somos organismos ou organismo vivos. Se nosso cérebro fosse com sucesso transplantado para outro organismo e o sujeito que se manifestasse após isso neste outro fôssemos nós mesmos, então diríamos que fomos transplantados ao outro corpo, mas a parte que foi transplantada não é um organismo, é parte dele, e o corpo que recebe nosso cérebro é outro organismo. Logo, não somos um organismo. Bicéfalos (que tem dois cérebros em um mesmo corpo) possuem dois sujeitos e um só organismo, logo, não são, ao menos um deles, mas talvez os dois, um organismo, e se eles não são, nós também não somos. Logo, não somos organismos.

      "Esses caras são animais!"


 Jesus e Emanuel: um organismo e dois cérebros!

Quando se descarta a visão biológica normalmente se aceita uma versão psicológica que nos identifica como pessoas, seres com capacidades cognitivas, emocionais e volitivas superiores às formas mais simples e rudimentares de consciência. Quem seria o responsável por atos bons ou ruins senão a pessoa que pode ser identificada como mentora dos atos? Mas traços de caráter, memórias, desejos formam um feixe de conteúdos psíquicos que seríamos nós, essencialmente. Isso porém parece não ser o caso: podemos imaginar duplicações destes mesmos conteúdos em um outro organismo precedido da destruição do nosso e não pensamos que passamos a existir na réplica.


  
(Para a visão psicológica da identidade, somos nossos conteúdos psíquicos biográficos)


Além disso, se somos pessoas associadas ao organismo, e se o organismo é consciente e senciente por causa de seu sistema nervoso e de seu cérebro, teríamos dois seres sobrepostos em cada organismo que revelasse também um provável ser pessoal. Isso está ligado à ideia estranha de que não somos animais, não começamos existir a não ser em torno de dois anos de idade, e não continuamos a existir se não temos mais conexões psicológicas com nosso passado ou perdemos tais traços cognitivos superiores, mas como relacionar então uma pessoa com o feto e o recém nascido que precede o aparecimento da pessoa, e com o ser humano posterior à vida com capacidades psicológicas, como o paciente com Alzeimer?



Uma breve formulação da abordagem da mente incorporada.

Há provavelmente respostas para todos esses argumentos, muitas pessoas continuam e continuarão a sustentar alguma destas visões. Mas há uma que está entre a visão biológica e a visão psicológica, e é a que entende que somos essencialmente sujeitos de uma vida mental realizada pelo - ou no - nosso cérebro. McMahan a chama de mente incorporada. Para tomar o caso da demência progressiva, quando nosso cérebro deixar de gerar consciência nós teremos deixado de existir, pois não haverá mais um sujeito de experiência ou alguém no organismo. Nós em geral aceitamos o critério de morte encefálica para transplantes, mas o transplante mata o organismo que ainda vive sustentado por aparelhos. Logo, não nos identificamos exatamente com o organismo mas com nosso cérebro funcional. Muitos de nós e a maioria em países avançados aceita o aborto de um feto precoce, quando ele ainda não têm um cérebro funcional e por isso não pode sentir nada nem ter consciência.

 "Isto sugere que você é essencialmente uma entidade com a capacidade
para consciência - uma mente. Um organismo humano é consciente
somente em virtude de ter parte consciente. Nós somos aquela parte. 
Nós somos aquilo que é não derivadamente o sujeito da consciência."
(McMahan, Killing Embryos for stem cell research, 2007: 186)



Essa visão está de acordo com os resultados das ciências, das neurociências em especial, e é filosoficamente bem sustentada, então é melhor do que a metafísica (almas). A visão mentalista também pode incorporar os atrativos da visão psicológica, pois uma mente como a nossa, em situação normal, é uma pessoa, com a vantagem de relacionar-se melhor com a suposta pré-pessoa e a suposta pós-pessoas nos casos dos fetos de pacientes dementes, ser intuitivamente mais adequada nos experimentos de pensamento, e praticamente biológica, pois assim como alguém pode nos chamar de mentes, alguém (o ET de Varinha, por exemplo) também pode nos chamar de cérebros ou córtex cerebral.

Porém, se somos mente ou cérebro, nós não seríamos animais, pois um animal é um organismo biológico, e novamente, parece que temos um tipo de dualismo no mesmo espaço e tempo: um animal (organismo) e uma mente (a manifestação das capacidades subjetivas), mas o animal é quem sente, pensa, percebe. Então haveria dois seres conscientes sobrepostos? Como saber qual está pensando ou agindo neste momento em que você lê este texto? Supercomputadores provavelmente desenvolverão mentes, e então seremos como eles? Como possíveis extraterrestres (o ET de Varginha, por exemplo)? Isso soa contra-intuitivo, pois novamente, não somos animais, mas apenas parte de um animal (ou meramente constituídos por um anima). Os professores de biologia ensinam algo falso em suas aulas sobre os animais humanos e outros? Há ainda um problema para o método dos experimentos de pensamento neste caso: eles não dizem necessariamente que somos uma mente ou uma pessoa, mas que nos identificamos como tais em situações deste tipo, quando escolhemos aspectos mentais e subjetivos para sobreviver a transplantes e a replicações, mas disso não se segue que realmente sejamos uma mente ou uma pessoa, mas que temos medo de perder uma chance. Como será que McMahan responderia a tais questionamentos?



Outros aspectos teóricos da abordagem.


Mente Incorporada e Identidade

            Nossa identidade é essencialmente a de uma mesma mente produzida pelo mesmo cérebro (a mente é individuada por referência a sua incorporação física, ainda que isso seja apenas condição necessária, mas não suficiente para que a mesma mente continue). Vimos que o mais conta nos experimentos de pensamento sobre replicação não é a continuidade dos conteúdos de nossa vida psicológica, mas a continuidade ou “mesmidade” desta nossa capacidade de ter consciência.
            
            Podemos falar de 3 tipos de continuidade de nossa cérebro: continuidade física (os mesmos constituintes materiais ou gradual substituição destes no tempo), funcional (relações do cérebro com capacidades psicológicas como a consciência) e organizacional (preservação dos tecidos cujas configurações subjazem conexões e continuidades entre os conteúdos psicológicos). Para a abordagem psicológica, não precisamos pressupor a continuidade física se pudéssemos manter a organizacional. Para a abordagem da mente incorporada precisamos, pois é uma condição suficiente para a preocupação egocêntrica, e, logo, grosso modo, para a nossa identidade.

Bases da Preocupação egocêntrica

            Considere dois casos imaginados por Parfit para demonstrar que não importa a continuidade física: 


"(1) In Case One, the surgeon performs a hundred operations. In each of these, he removes
a hundredth part of my brain, and inserts a replica of this part."
                                        &
(2) In Case Two, the surgeon follows a different procedure. He first removes all of the
parts of my brain, and then inserts all of their replicas."


            A maioria de nós não concluiria como Parfit: haveria base para se preocupar consigo no caso 1 e preferi-lo, e não haveria no caso 2, do mesmo modo que não nos preocupamos com as réplicas que não mantém o mesmo cérebro.
            
            Mas o espectro entre 1 e 2 sugere também que há graus (quanto mais diferentes tecidos em um tempo mais curto, menos preocupação) nessa intuição e graus que dependem em parte da continuidade psicológica resultante (o grau de preocupação varia de acordo com a continuidade organizacional).
            
              Há casos reais envolvendo perda cerebral e maior perda das capacidades funcionais e organizacionais, e então as últimas entram em nossa visão da preocupação egocêntrica. Tal continuidade organizacional pode ser de dois tipos: manifestação do mesmo estado mental em tempos diferentes; e estados mentais que além de ocorrerem em tempos diferentes contém referência interna a outro estado mental (há pouco do ser segundo tipo no cão de McMahan, por exemplo). Uma criatura exclusivamente senciente (consciente) mas não autoconsciente nem em posse de memórias passadas e planos futuros articulados entre si está vinculada mais às experiências que ocorrem no presente imediato do que a si mesmo como sujeito dessas experiências, e, logo, pode ser substituída por outra com as mesmas experiências. 

(Parece ser o caso de fetos e pessoas com grave perda da memória – ver os casos citados por Oliver Sacks - parecem se encaixar proximamente neste tipo de criatura). 

Isso pode ficar mais claro com o seguinte caso hipotético

The Cure. Imagine that you are twenty years old and are diagnosed with a disease
that, if untreated, invariably causes death (though not pain or disability) within five
years. There is a treatment that reliably cures the disease but also, as a side effect,
causes total retrograde amnesia and radical personality change. Long-term studies
of others who have had the treatment show that they almost always go on to have
long and happy lives, though these lives are informed by desires and values that differ
profoundly from those that the person had prior to treatment. You can therefore
reasonably expect that, if you take the treatment, you will live for roughly sixty more
years, though the life you will have will be utterly discontinuous with your life as it
has been. You will remember nothing of your past and your character and values will
be radically altered. Suppose, however, that this can be reliably predicted: that the
future you would have between the ages of twenty and eighty if you were to take the
treatment would, by itself, be better, as a whole, than your entire life will be if you
do not take the treatment.


            McMahan estranhamente diz que a maioria de nós escolheria viver 5 anos como a mesma pessoa, psicologicamente falando, do que 60 como outra pessoa: se você prefere 60 como outra pessoa, então você pode duvidar que a unidade psicológica está entre as relações de unidade prudencial (preocupação racional consigo mesmo); se prefere 5 como a mesma, você acredita que a identidade é a base da preocupação egoística e que a unidade psicológica e parte da prudência. Mas quando um feto morre não manifestamos o mesmo pesar que quando um ser humano jovem ou adulto morre, apesar de que a quantidade de bem (amount of good) perdida é muito grande no caso do feto: isso só se explica bem se aceitamos que a unidade psicológica está entre a relação de unidade prudencial, que funciona como um multiplicador que é menos ou nulo no caso em que ela não existe, e isso é a base da ideia de interesses temporalmente relativos.
            
As páginas 79 e 80 contém um sumário dos pontos principais, e um esclarecimento do ponto anterior com a distinção entre estar interessado em dada situação e ter um interesse nela. As páginas 81 e 82 discutem uma objeção (quanto mais crescimento e aperfeiçoamento em uma biografia, menor a unidade psicológica, e, logo, menor interesse temporalmente relativo) e a resposta de McMahan (vela lá qual é), e a objeção “da psicologia popular” e “budista” sobre viver no momento presente, com a resposta de McMahan. (veja lá qual é).



Possíveis divergências entre identidade e preocupação egoística


A identidade e a preocupação egocêntrica podem divergir? Nos casos reais em que há persistência do cérebro e da vida consciente, parece que haverá sempre alguma base para a preocupação prudencial mesmo que não haja conectividade psicológica, como no Alzeimer.
Mas em casos hipotéticos podemos entender a relação divergente entre ambos: divisão e fusão.

Fusion. You and I are friends. Each of us has lost one cerebral hemisphere as a result
of a stroke. Each of us also has a condition that will soon result in the death of
his brainstem. Another friend of ours has suffered the death of his entire cerebrum,
though his brainstem and body remain intact and functional. Before he lapsed into
the persistent vegetative state, this friend agreed to donate his body so that either my
or your surviving hemisphere could be transplanted into it. Unable to choose that
one of us should survive while the other dies, we decide that both our hemispheres
should be transplanted into that body where, in order to function in a coordinated
way, their severed corpora callosa will be joined.



No caso hipotético da fusão (dois hemisférios cada um de uma pessoa, transplantado em um organismo de uma terceira pessoa), o que acontece exatamente? Há uma só pessoa com unidade substancial de consciência. Mas quem é ela? (a) não é o corpo que recebeu os hemisférios; (b) poderia ser um ou outro; (c) poderia ser o hemisfério predominante; (d) poderia ser outra pessoa diferente.
O ponto é que não haveria identidade e haveria base para a preocupação egocêntrica. Mas talbase seria mais fraca: as relações de identidade seriam mais fracas por causa dos derrames; coisas que contam para um serão perdidas se a psicologia de um se choca com a de outro.

Outro caso para a divergência é o da cirurgia “dr. Hanibal” (extrair memória e enxertá-la em outro que ganha consciência dela): não há ramificação; nem há divisão de mentes; nem há fusão.). Isso daria a mim base para me preocupar com o outro por razões egoísticas? Talvez haja indeterminação sobre isso. Uma posição é sustentar que há base insuficiente para tal seja lá qual for extensão do enxerto. Outra posição interpreta que houve fusão parcial e então haveria alguma base para tal.

O que conta neste caso? Numa concepção, as relações de identidade são vistas como necessárias e suficientes para a preocupação egoística, e para tal seria preciso haver transmissão suficiente do mesmo cérebro (e quanto mais áreas enxertadas, mais forte a base).

Numa outra concepção, as relações constitutivas de identidade não são suficientes, apesar de serem necessárias. (É possível adotar certo agnosticismo aqui, sugere McMahan). Lembre-se que o suporte para a consciência, como o tronco encefálico, é necessário para a mente funcionar, mas não é necessária para a sobrevivência do mesmo indivíduo que perfaça um transplante de hemisférios.

Mas em que áreas do cérebro a consciência é produzida? Hoje isso ainda não está bem esclarecido, mas parece que é em áreas relevantes nos hemisférios cerebrais e não no tronco encefálico. Alguns cientistas especulam que há uma área específica localizada no encéfalo em que a consciência é produzida, trazendo à tona outros estados mentais, como memória quando vinculadas as áreas. Se isso é o caso, então a continuidade funcional desta área do encéfalo é o critério de identidade pessoal e talvez a base (necessária e suficiente) da preocupação egoística.

Por outro lado, pode ser que a consciência seja uma função global de operações, simultâneas e combinadas entre si, de muitas áreas do encéfalo. Isso torna mais difícil distinguir sistemas de suporte e áreas para a consciência.


Individuação das mentes.


Há ainda questões sobre a unidade da mente: se o mesmo cérebro pode sustentar a existência de mais de uma mente (ao mesmo tempo, ou mentes diferentes em tempos diferentes).

Na comissurotomia a maioria dos observadores e dos pacientes acredita que há uma mesma mente, com unidade subjetiva substancial. Porém um hemisfério não tem provavelmente acesso direto a eventos conscientes do outro, eles encontram meios de se comunicar, e parece já bem documentado que há dois centros distintos e separados de consciência.


Podemos ter todos dois centros, e a cirurgia apenas ressalta mais isso. Mas não há nada para se pensar isso porque antes da cirurgia há um mesmo campo de consciência e a cirurgia parece atuar dividindo tal campo.
Ou há duas mentes ou uma mente com dois campos de consciência. Mas isso coloca em dúvida como podemos individuar mentes (o que faz com que dois ou mais campos de consciência sejam uma e mesma mente?). Não é que ambos sejam gerados no mesmo cérebro, o que nos revela o caso do comportamento anômalo (por exemplo, o que a mão direita faz, a esquerda desfaz; vide o caso das irmãs Hensel). Parece que há duas mentes presentes e se há depende do grau de integração entre os vários eventos mentais.

E sobre duas mentes serialmente (em tempos diferentes?) (1) substituição de regiões do cérebro responsáveis pela consciência por outros tecidos que fazem isso: há o mesmo cérebro mas mentes diferentes. (2) A região foi destruída mas, com a reconfiguração de outras regiões para gerar consciência: idem. (Outro caso seria o do paciente com possíveis personalidades múltiplas).




Mente, Cérebro e Organismo


- Mente & Cérebro idênticos (M = C) ou em relação de dependência causa (C à M): compatibilidade da abordagem da mente incorporada com teorias da identidade, teorias funcionalistas, dualismo de propriedade, teoria do aspecto dual, e outras, exceto o dualismo de substância [e a metafísica, dados o naturalismo, evolucionismo e as evidências sobre Cà M].

- Mente e Organismo: M # O (não há relação de identidade para a abordagem da mente incorporada).

Mas a várias interpretações: “constitutivismo”, “dualismo radical”, “holismo”.



Constituição. One can allow that there is a sense of “is” in which a person is an animal. But this
will not be the “is” of predication or of identity; it will be, perhaps, the sort of “is”
we have in “The statue is a hunk of bronze”—it will mean something like “is composed
of the very same stuff as.” Arguably, the statue and the hunk of bronze are not
one and the same thing, since if the hunk of bronze were hammered into another
statue, the statue we had originally would no longer exist, but the hunk of bronze
would still be there. So two things, the statue and the hunk of bronze, can occupy the
same place and share the same matter and the same non-historical properties. . . .
The suggestion is that a person “is” an animal, not in the sense of being identical to
one, but in the sense of sharing its matter with one.99

Há o problema de duas entidades conscientes no mesmo lugar e tempo: uma mente e uma pessoa:

Two Counscious Being: McMahan drops the assumption that He has hitherto
made that to be a person one must have the capacity for self-consciousness and,
perhaps, a mental life with a high degree of unity.

Argument 1: Há duas "pessoas"

1. One is a person by virtue of one’s possession of certain nonhistorical properties—
for example, the capacity for consciousness.
2. The possession of these properties is necessary and sufficient for being a person.
3. If one is constituted by one’s organism, one’s organism shares all of one’s nonhistorical
properties.
4. One’s organism must therefore have the properties that are necessary and sufficient
for being a person.
5. One’s organism must therefore be a person rather than merely constituting one.
6. If one is a person and one’s organism is a person, and if one is not identical with
one’s organism, there must be two persons present where one is now: oneself and
one’s organism.

Mas há um argumento paralelo para tentar mostrar que somos organismos:

Parallel Argument: we are organisms: Há um animal apenas. 

1. An entity is an organism by virtue of possessing certain nonhistorical properties.
2. The possession of these properties is necessary and sufficient for being an organism.
3. If one is constituted by one’s organism, one shares all of its nonhistorical properties.
4. One must therefore have the properties that are necessary and sufficient for being
an organism.
5. One must therefore be an organism rather than merely sharing one’s matter with one.

Logo, a visão "constitutivista" deve estar errada. Mas ela pode se defender dizendo que a propriedade da pessoalidade é essencial no caso da mente, e inessencial no caso do organismo; o organismo não seria uma pessoa. Mas ainda haveria duas entidades conscientes.


Para McMaham somos uma parte de um organismo (o córtex cerebral): como a buzina e o carro (buzina emite som e o carro emite som com ela!) e o galho e a árvore (o galho cresce e a árvore cresce com ele!), é meu organismo que sente, pensa e percebe, mas com a parte consciente que realiza tais eventos, o organismo é consciente em sentido derivado; a parte não é o mesmo que o todo e por isso eu não sou idêntico ao organismo que eu animo [não sou um organismo mentalizado] nem sou constituído por um organismo, e posso manter minha integridade e identidade ao lado do todo orgânico (sou uma entidade distinta e independente do organismo).


 (Um belo organismo, não?)



* * *
(1) Explique a diferença entre a abordagem psicológica e da mente incorporada.
(2) Explique a resposta intuitiva de McMahan so caso da "cura", e sua própria resposta.
(3) Explique os dois tipos de interesse e a ideia de interesse temporalmente relativo. Por que ele é fraco no caso de fetos?
(4) Explique um dos casos hipotéticos de divergência entre identidade e preocupação egocêntrica.
(5) É possível ter mais de um campo de consciência no mesmo cérebro e termos apenas uma mente? Explique.
(4) Como a teoria aborda o problema "duas entidades conscientes em uma mesmo organismo"?

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