Continuamos com as postagens que resumem os capítulos do livro de Russ Shafer-Landau (O que afinal aconteceu com o certo e o errado?)
Cap.
8 – Arbitrariedade
O ceticismo garante que a moralidade não tem embasamento e se assenta em
fundamentos arbitrários (= que não são sustentados suficientemente por boas
razõe). Como já vimos, para o niilismo nada é exatamente correto ou bom moralmente, pois tais
adjetivos não são como outros adjetivos reais (vulcânico, líquido, angular
etc.), são conceitos para crenças humanas (não se deve matar é algo arbitrário
neste sentido de não ser algo real, mas irreal).
Já o Subjetivismo e o Relativismo dão algum espaço
para obrigações morais, mas tais obrigações variam de pessoa para pessoa ou de sociedade para
sociedade, pois o que é certo ou errado é como a cor favorita de alguém, ou seja, em essência, é algo
arbitrário, e isto, para Shafer-Landau, dá licença mesmo aos mais terríveis tipos de comportamento,
já que são os gostos e desgostos de cada um (ou de cada sociedade) que embasam a moral.
Para o relativismo os gostos dos indivíduos são avaliados por um padrão acima deles, mas tal
padrão é a sabedoria cultural que prevalece em dada sociedade, ou o consenso
social, e não há base para avaliar e criticar tal coisa. Qualquer que seja tal
consenso, ele estará certo, o que significa, isto é o que dá o embasamento, e
isto é algo para o qual não se precisa apresentar boas razões independentes.
O Objetivismo elimina a arbitrariedade reivindicando
que tanto os gostos individuais quanto os consensos sociais básicos devem passar
pelo escrutínio racional, em especial, que os padrões convencionais podem ser
falsos ou verdadeiros segundo razões que não se reduzem ao gosto individual ou
consenso social que os endossa. Por exemplo, tome o ódio aos homossexuais, a homofobia. Há quem odeia a homossexualidade simplesmente
porque odeia, porque é seu gosto. Há quem o faça porque sua cultura sempre reforçou tal
sentimento, e isto torna seu ódio correto. Mas ambas as coisas para o objetivismo estão sujeitas à avaliação de que tal atitude pode ser realmente errada, independente dos gostos e desgostos. A tradição não tem papel importante como o tem no Subjetivismo e no Relativismo. O
mesmo para a discriminação das mulheres que aceitam papéis subordinados: isso
pode ser apenas sinal mais de uma boa doutrinação e manipulação feita pelos homens do que de aceitação por parte delas.
Assim, enquanto para o Niilista não há boas razões independentes
para se adotar certa ação, e para o Subjetivista e o Relativista as boas razões são aquilo que os seres
humanos endossam, para o Objetivista “a melhor razão para se adotar um padrão é sua
verdade”, e verdade é algo que não depende da opinião, mas algo que serve para julgarmos a opinião.
Logo, é possível escapar da arbitrariedade apenas se
o Objetivismo ético for verdadeiro.
* * * *
1 - Tente defender o ceticismo defendendo o ponto principal do objetivista sem abandonar a posição cética.
2 - Tente atacar o objetivismo atacando-o do mesmo modo que ele ataca o cético.
3 - Conseguiu? O que resultou disto, em sua opinião? Há outros pontos a apresentar?
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