6. Dogmatismo
Shafer-Landau
tem certeza que não é o objetivismo ético, mas sim o ceticismo, que é a
concepção que permite o maior espaço para o dogmatismo e a
intolerância.
Normalmente
objetivistas são arrogantes (talvez eu, por exemplo). E céticos são
gente fina, muito tolerantes (o Zé Maria, por exemplo).
Mas,
pensando bem, nos sugere Shafer-Landa, há ao menos dois problemas neste
cenário: o objetivismo ético não autoriza por si só, a arrogância (os
matemáticos acreditam em verdades matemáticas, e isso não autoriza serem
arrogantes e intolerantes; eles em geral também são gente fina).
Como
na ciência, o objetivismo assume que na ética tentamos registrar os
contornos de uma realidade maior, que é independente de nossas opiniões
subjetivas ou de nossos costumes culturais, uma realidade moral.
É a realidade o que gera a sensação de maravilha, mistério e enormidade da tarefa de pensar e conhecer o mundo.
O
Niilista já sabe de antemão que nada é certo ou errado moralmente, seja
o que for que seja defendido. Com isso, qualquer proposta dogmática
está de antemão rejeitada. Ótimo! Mas qualquer proposta em favor da
tolerância, da liberdade, da auto limitação também estarão de antemão
rejeitados. Nada bom... O erro do dogmatismo não é um erro moral, porque
não existe tal coisa, o acerto da mentalidade aberta e tolerante não é
acerto moral, porque não existe tal coisa.
Os
Subjetivistas sustentam que cada indivíduo é a medida da verdade moral,
logo, há pouco espaço para erro (talvez quando um desejo conflita com
outro, ou quando há crenças falsas). Se nós aprovamos individualmente
uma ação, nós nunca estaremos errados.
Os
Relativistas Sociais permitem um pouco mais mais de espaço para o erro,
pois agora, não só existe o certo e o errado, mas ele não depende de
cada indivíduo, que pode não captar ou praticar o que a sua sociedade
realmente pensa acerca do que é certo e errado. Mas
se ele estiver bem antenado com sua sociedade, haverá também pouco
espaço para o erro, e a autoconfiança e dogmatismo dependerão então
desta sintonia. (A sociedade decide? Hum, nada bom, ainda que eu sempre
encontre chineses que não veem nada de mau nisso, e o Zé Maria vive me
dizendo que o individualismo liberal é coisa da sociedade burguesa em
que vivo.)
Mas
vejam: Os objetivistas, como eu e o Shafer-Landau, são os que dão o
maior espaço para a possibilidade de erro, pois não é nem o indivíduo
nem a sociedade que definem ou estabelecem a moralidade, a verdade não é
construção humana, e por isso, será mais difícil de descobrir ou
discernir. Haverá menos autoconfiança e menos dogmatismo nesta
concepção, se bem compreendida, do que nas céticas.
"Não
há melhor antídoto contra nossa arrogância e soberba que o
reconhecimento de que nós não somos os autores da lei moral". (p. 29).
* * * * *
1 - Em que sentido há menor chance de erro nas posições niilista, subjetivista e relativismo do que na objetivista?2 - Em que sentido há maior chance de acerto?
3 - Dá para pensar o oposto? Com que argumento e exemplo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário